quinta-feira, 18 de julho de 2013

Dica Cultural - POST: São Paulo sob uma visão ecletica

Aqui vai a Dica Cultural de hoje, baseada no meu post São Paulo sob uma visão ecletica

Giro Cultural USP
- sábados (nem todos), gratuito
- inscrições (não muito fáceis de conseguir) e maiores informações: http://www.prceu.usp.br/programas/girocultural/visitassp.php


Museu do Ipiranga/ Museu Paulista
- de terça feira a domingo, das 9h00 às 17h00
- o ingresso custa R$6,00 (inteira)
- grátis no primeiro domingo do més  membros da comunidade USP, para menores de 6 anos e maiores de 60, membros do ICOM, pessoas com deficiência e um acompanhante, nos dias 25 de janeiro e 7 de setembro
- mais informações em http://www.mp.usp.br/index.php

Museu de Zoologia da USP

- de terça feira a domingo, das 9h00 às 17h00
- o ingresso custa R$6,00 (inteira)
- grátis no primeiro domingo do més  membros da comunidade USP, para menores de 6 anos e maiores de 60, membros do ICOM, pessoas com deficiência e um acompanhante e em outros casos especiais
- mais informações em http://www.mz.usp.br/



Aproveite suas ferias para conhecer melhor São Paulo!

São Paulo sob uma visão eclética

No último sábado, tive a oportunidade de participar do Giro Cultural - A USP e o Roteiro Modernista, idealizado pela PRECEU (Pró- Reitoria de Cultura e Extensão Universitária) da USP.

Primeiramente eu tenho que elogiar e muito a organização e o tour em si. Além do enorme conforto do ônibus [e de termos ganho um lanchinho maravilhoso], as nossas guias (Josi e Giorgia) eram muito bem preparadas, pessoas que realmente sabiam sobre o que estavam falando. Enfim, percebi que o tour foi algo muito bem idealizado e estruturado.

Bom, depois do momento "guia de viagem", vamos à arte!


Nossas guias propuseram que nós, antes de ver o resultado do modernismo na arquitetura de São Paulo, observássemos o estilo eclético presente em importantes construções da cidade, para enxergarmos contrapontos e com isso entendermos melhor algumas características da arquitetura modernista.

Portanto, nesse post, vou fazer uma espécie de introdução à arquitetura modernista por meio da arquitetura eclética para que ela seja melhor entendida. Além disso vou falar um pouco sobre cada construção que visitamos durante o Giro.


O ecleticismo foi um "estilo" muito utilizado no século XIX. A razão de eu ter colocado a palavra estilo entre aspas é que por algum tempo, os críticos não consideravam o ecleticismo como um estilo, já que ele é resultante da mistura entre os estilos renascentista, barroco e neoclássico. Entretanto, diz-se que o "método eclético baseia-se na convicção de que a beleza ou a perfeição pode ser alcançada mediante a seleção e combinação das melhores qualidades das obras de grandes mestres" (retirado do site do Itaú Cultural). 


O estilo eclético prega o uso de uma escala monumental, da simetria, além de uma grande quantidade de ornamentos.

1ª parada: Museu do Ipiranga e Jardim do Museu

Logo que passamos pelo portão para entrar no complexo que abriga o Museu Paulista (outro nome para o Museu do Ipiranga) e o jardim do museu, nossa guia pediu para que observássemos a dimensão lateral da construção. Se comparada com a grandiosa fachada da construção, a lateral realmente era pouco extensa (pelo que pesquisei na internet são 123m de comprimento por somente 16m de largura).
O museu começou a ser projetado em 1884 (62 anos depois da independência do Brasil) e serviria como um marco da independência. E é exatamente por isso que a lateral da construção não é extensa: ela não serviria como palácio, mas sim como um monumento; ela já foi construída para ter um caráter de fachada.
Algo muito interessante de se perceber na estrutura do Museu Paulista, é que ele é feito de tijolo, o que se constituiu em uma inovação muito importante na época (fim do século XIX), já que era comum o uso de taipa nas construções. A taipa é um método em que se usa madeira ou bambu gradeados para a estrutura e uma mistura de argila e cascalho para preencher os vãos livres.
Se repararmos a parte ornamental da fachada do museu, percebemos claramente a presença do estilo eclético: a fachada é muito decorada, com a presença inclusive de colunas relembrando o estilo greco-romano.
As obras do Museu Paulista foram concluídas em 1890, entretanto ele só foi inaugurado em 1890. Além de toda essa demora, o museu não teve seu projeto inicial terminado, devido a questões econômicas.
Vale ressaltar que o acervo inicial do Museu do Ipiranga era sobre História Natural, o qual mais tarde foi transferido para o Museu de Zoologia (que também fica no Alto do Ipiranga). Hoje o museu abriga um grande acervo de objetos e obras de arte que possuem relevância histórica, e principalmente aquelas relacionadas à independência do Brasil. Como exemplo temos a famosa obra de Pedro Américo, "Independência ou Morte" (aliás tem uma história muito bacana sobre ela, posso contar num outro post).

Já o jardim do museu, que diga-se de passagem é lindíssimo, foi inspirado no jardim do palácio de Versailles. Nele também é possível perceber a simetria e a grandiosidade (embora não comparável com Versailles) do estilo eclético.
O jardim possui um "eixo monumental", e o projeto inicial era que fosse possível ver, a partir da "varanda" que dá para o jardim o Teatro Municipal de São Paulo (isso seria possível, já que o bairro Alto do Ipiranga é realmente alto) - percebe-se que hoje isso é uma ilusão, já que o horizonte de São Paulo está repleto de prédios; triste realidade.
O jardim possui "caminhos certos" para trilhar, o que mostra uma visão do homem dominando a a natureza, mostrando uma influência e "contaminação" europeia no Brasil.
A cada centenário da cidade de São Paulo, o jardim foi sendo ampliado; tanto que o vão principal do jardim nã existia no projeto inicial.
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Por fim, gostaria de dizer que o museu e o jardim são administrados por órgãos diferentes: a USP administra o museu (devo dizer que me senti orgulhosa de ver a bandeira da minha universidade levantada lá) e o jardim é administrado pelo governo de São Paulo.



Tamanho da lateral do Museu
Créditos da foto: Juliana













Vista do jardim a partir da grande "varanda"
Crédito da foto: Anna Saes











Vista do museu a partir do jardim
Crédito da foto: Anna Saes












Eu no jardim com vista para o museu
Crédito da foto: Juliana











Museu Paulista e jardim vistos de cima
Crédito da foto: nossosaopaulo.com.br




2ª "parada": Monumento à Independência e Casa do Grito

 Do jardim do museu paulista é possível avistar (um tanto ao longe) o Monumento à Independência.
Foi inaugurado ainda incompleto em 1922, em comemoração ao centenário da independência do Brasil., e foi concluído quatro anos mais tarde.
O monumento foi muito criticado inicialmente, pois não continha elementos da cultura brasileira, os quais depois foram sendo incluídos gradualmente nele. Foi também adicionado um painel em alto relevo do quadro "Independência ou Morte".
No monumento, também foram colocados os restos mortais de D. Pedro I, Imperatriz Leopoldina e D. Amélia (2ª imperatriz do Brasil).

A Casa do Grito tem esse nome pois é associada ao quadro de Pedro Américo mencionado anteriormente, onde foi retratada uma casa muito semelhante a ela. Entretanto, não há provas de que as duas sejam a mesma casa, já que os registros mais velhos da Casa do Grito são datados de 1844.











Vão livre e no fim da foto, ao longe, o Monumento a Independência. 
Créditos da foto: Anna Saes




















Monumento à independência com destaque para o quadro "Independência ou morte" em alto relevo.
Créditos da foto: egemfoco.com.br



3ª "parada": Museu de Zoologia (da USP)

Bom, confesso que agora ao rever minhas anotações e fazer algumas pesquisas, fiquei um pouco confusa quanto ao estilo arquitetônico presente no Museu de Zoologia, também situado na bairro do Ipiranga e inaugurado em 1941.
Talvez pela data, acreditava que fosse modernista, mas por causa da presença de alguns ornamentos e tudo mais, fiquei na dúvida se era eclético. Conclusão: é uma mistura dos dois!
Este museu foi construído no estilo Art Déco, que em si, é um estilo eclético, juntando construtivismo, cubismo, modernismo, bauhaus, art nouveau e futurismo. "No padrão decorativo do Art Déco predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato; com isso é possível afirmar que o Art Déco dirige-se ao moderno e às vanguardas do início do século XX" (definição tirada do site do Itaú Cultural).

O Museu de Zoologia tem sua hitória atrelada à do Museu Paulista, já que o acervo que ele contém hoje (história natural), veio do Museu Paulista. Além disso, na década de 60 ambos os museus passaram a pertencer à Universidade de São Paulo.










Museu de Zoologia - USP
Créditos da foto: www.saopaulo.sp.gov.br


4ª "parada": Casarões da Família Jafet

 Seguindo com o tour, passamos com o ônibus na frente dos 3 casarões da Família Jafet também presentes no bairro do Ipiranga. Aqui um pouco da relação entre a família e a cidade de São Paulo.
Os Jafet's (libaneses) chegam no Brasil a convite de D. Pedro II para instalar a indústria têxtil em SP. Portanto, os Jafet's tiveram grande papel no desenvolvimento da cidade.
E porque eles escolheram o bairro do Ipiranga? Por dois motivos. O primeiro é que o bairro era um ponto estratégico: estava perto das indústrias e perto do ponto de Santos. O segundo motivo é que a região já abrigava outros casarões.
Ao passar pelas casas, percebi que uma delas estava à venda, e então um dos participantes perguntou se essas casas (tão importantes historicamente)  poderiam ser vendidas. Pergunta interessante. E a resposta é sim; entretanto eles não podem mudar a estrutura e nem a fachada da casa, já que ela é tombada.











Dois dos casarões da família Jafet
Créditos da foto: www.skyscrapercity.com


5ª "parada": algumas observações rápidas

- Parque D. Pedro II: fundado em 1922

- Casa das Retortas. (retorta = lugar onde se guardava carvão coque, que é utilizado para fazer gás). Foi por muitos anos, a fábrica que gerou energia a gás para abastecer a cidade de SP, ou melhor, seus lampiões. A Casa das Retortas foi construído no estilo fabril inglês. Hoje está sendo "reformado" para se tornar o Museu de História de São Paulo.

- Palácio das Indústrias. Foi projetado por Ramos de Azevedo e inaugurado em 1924. Em 1992, se tornou sede da prefeitura para a prefeita Luiza Erundina. E hoje é onde funciona o Catavento.

- Mercado Municipal. Também foi projetado por Ramos de Azevedo. É pertencente ao estilo Art Decó e possui uma grande quantidade de ornamentos, em sua maioria símbolos que remetem a função do prédio (mercado).
Uma curiosidade é que era para o Mercado Municipal ter sido inaugurado em 1932. Entretanto, devido à Revolução Constitucionalista de 1932 ele serviu como depósito de armamentos e por isso foi inaugurado somente em 1933.

Casa das Retortas
Créditos da foto: www.base7.com.br
Palácio das Industrias
Créditos da foto: www.metodo.com.br
Mercado Municipal de SP
Creditos da foto: www.acroweb.com.br
Detalhe da fachada do Mercado Municipal


























































Esse post, ficou muito mais longo do que eu imaginava e tinha mais uma infinidade de coisas sobre as quais eu queria escrever. Mas vou fazer isso em posts mais definidos.


Esse ainda não foi o fim das construções com estilo eclético em São Paulo, já que no post "São Paulo sob uma visão modernista" vou falar sobre a FAU-USP Maranhão.

Vale a pena conhecer São Paulo e visitar seus museus!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Queridos leitores,

neste sábado terei a maravilhosa oportunidade (por que é difícil conseguir vaga) do Giro Cultural - A USP e a São Paulo Modernista.

Muito provavelmente escreverei um tema sobre o assunto até semana que vem.

Agradeço a compreensão de vocês!